Projecto ll Cais de Miragaia
O programa de projecto do ll ano pedia um conjunto de 4 equipamentos (ou zonas, como preferirem chamar): uma zona comercial, uma zona de restauração, uma sala polivalente e uma residência para 80 estudantes. O terreno de implantação era o parque de estacionamento da Alfândega do Porto. Ou seja: proximidade com o rio Douro reforçando a condição de cais. É uma zona semelhante ao cais de Gaia. (mas Gaia ganha na paisagem do Porto que possui).
O terreno, que nós apelidamos de "bacalhau", é um extenso e comprido cais que vai afunilando à medida que se aproxima da ribeira. Optei por colocar o volume da minha residência nesse estreitamento, o que me libertou bastante para colocar o resto do programa. Para garantir uma maior privacidade, e na medida em que a rua que ladeia o terreno tem um carácter assumidamente público, afastei a residência para reforçar essa ideia e aproximei-a da linha de separação entre o cais e a água.
A sua posição “quase” sobre o rio, ganha formas mais orgânicas adquirindo uma dinâmica semelhante à ondulação serena da água que espelha. Esta complexidade da fachada cria jogos de sombras diferentes ao longo do dia e um movimento aparente perceptível ao longo de percursos pelo rio e Gaia, criando um forte impacto visual.
Para o afastamento da residência em relação à rua, tive de criar uma plataforma artificial que serve de entrada para o terreno. No fim dessa descida encontra-se a sala polivalente caracterizada por uma grande cobertura na entrada que prepara o caminhante tanto na entrada da sala polivalente como para o resto do terreno mais próximo do rio. Ao avançarmos pelo exterior, somos ladeados por uma fileira de árvores que protegem uns bancos, e culmina num café com vistas para todos os lados do terreno. No climax desse percurso e ao contornar o café, abre-se uma praça ao mesmo nível da rua, caracterizada por um anfiteatro com uma parede enorme, podendo ser aproveitada para sessões de cinema ao ar livre, teatros de rua, projecções do Mundial.. etc..
O conceito da sala polivalente surge como o de um corredor, reforçando uma continuidade espacial ao cais. A forma esguia e estreita dá continuidade ao percurso pela plataforma, mas num ambiente totalmente diferente, fechado sobre si mesmo, com rasgos de luz acima dos 4 metros. Tem a particularidade de ter uma rampa interior do lado da rua, que culmina numa zona exterior a 4 metros de altura onde o utilizador pode desfrutar da paisagem e fazer uso dessa mesma cobertura para um evento ao ar livre(pode ser coberta com um toldo se necessário para uma eventual chuva ou tempo agreste). Esta cobertura faz parte da zona do comércio, directamente relacionado com a rua.
A fachada para a rua da sala polivalente possui uma parede cega em toda a sua extensão, podendo ser inteiramente coberta de cartazes, cujo encanto e vivacidade enriquecem extraordinariamente a rua. (Na maqueta coloquei uma possível exposição sobre o filme Código Da vinci).
Como é óbvio, ainda falta o interior da residência que deu muito nó na cabeça só porque não havia espaço para um bidé. Mas são problemas que têm de ser ultrapassados e é isso que dá vontade de continuar e arranjar uma nova solução(ou não... :P )
Independentemente da nota que tenha, adorei fazer este trabalho.. só tenho pena que não possa ser construído.. Quem me dera ter uma praça com cinema ao ar livre! Era fantástico.. AH! a parede alta esconde a entrada do parque de estacionamento subterrâneo.. :)